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21.1.11

Jornal Folha de Candelária


Edição Nº1703 - Candelária, Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2011
Candelariense esbanja talento no ateliê e na TV
Por Cláudia Priebe
21/01/2011 14:16
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Talentosa, Anelise ficou surpresa ao ver seus trabalhos na telinha
Esta é uma breve descrição de Anelise Bredow, 32 anos, formada em Artes - Desenho e Plástica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e especializada em Design para Estamparia. Candelariense de coração (apenas nasceu em Cachoeira), ela é motivo de orgulho para os pais Marlete e Leomar Bredow, moradores do bairro Rincão Comprido, e toda a comunidade. Por ter acreditado num sonho que considera ser diferente e nada convencional, escolheu a profissão aos 17 anos e deixou a cidade onde cresceu para alçar grandes voos. Seu talento já foi visto na decoração de pisos, na estampa de edredons e na criação de objetos que não só foram vendidos para o exterior como fizeram parte de cenários da TV Globo.

Proprietária de um ateliê instalado em Morro Reuter, uma pequena cidade próxima da Serra Gaúcha (sentido Novo Hamburgo - Nova Petrópolis/Gramado), às margens da BR 116, ela é a simplicidade em pessoa. No chamado Caminho das Artes, que se destaca pela excelente qualidade de vida e o fluxo constante de turistas de todas as partes do Brasil, Anelise produz e comercializa suas peças há cinco anos. O negócio foi aberto depois de uma rica experiência numa empresa de revestimentos cerâmicos de Santa Catarina, onde atuou como designer de pisos e teve a oportunidade de viajar para inúmeros lugares. No período, segundo conta, conheceu muito da parte comercial do setor.

Foi isso, aliás, que lhe deu notoriedade e possibilitou contatos importantes com empresas como a Altenburg - especializada em produtos para cama, mesa e banho. "Fui convidada a desenvolver uma linha exclusiva, que foi direcionada para clientes específicos e não chegou até as grandes lojas de distribuição. Vejo a experiência como um aprendizado e como currículo para projetos futuros, com a própria Altenburg ou quem sabe outras empresas", disse. Neste caso, os desenhos de Anelise estamparam edredons. Mas ela foi bem mais além.

Pelo fato de manter seu site sempre atualizado (www.anelisebredow.com.br) e ter "um pouco de sorte", como fez questão de mencionar, uma cenógrafa da TV Globo encontrou seus trabalhos na internet. "Ela digitou alguma palavra no Google (ferramenta de pesquisa online) que remeteu às imagens do meu site. Depois me ligou e comprou peças que foram usadas na minissérie Tudo Novo de Novo, em 2008. No ano passado retornou o contato e comprou mais peças que foram usadas na novela Passione. Para minha alegria, os objetos usados na minissérie foram reaproveitados na novela Tititi. Meu trabalho estava nos dois melhores horários da emissora. Não é para ficar orgulhosa?", brinca. Tudo isso fortaleceu seu nome artístico através de reportagens em jornais e TV e atraiu inúmeros clientes e apreciadores de arte.

VENDAS E EXPOSIÇÕES - Anelise Bredow já participou de feiras em São Paulo e Minas Gerais e vendeu seus produtos para lojas de vários Estados brasileiros e também para o exterior (Estados Unidos, Portugal e Israel). Hoje, no entanto, tem direcionado a produção para locais que agreguem valor aos produtos, como museus e galerias. "O tipo de trabalho que eu faço está diretamente ligado com uma necessidade que aumenta nas pessoas: de se sentir importante, de se sentir gente de novo no meio deste mundo frio e consumista que está ao seu redor. Fico feliz de pensar que meu trabalho faz parte da sua vida, da sua rotina, que muitas vezes é colocado em destaque na sua casa, como sinal de que compartilham comigo o sonho de um mundo melhor", enfatiza. "Escolhi a cerâmica por sua simplicidade e força", completa.

MAIS - Anelise estudou na escola Guia Lopes e no Colégio Medianeira de Candelária. Conforme ela, a professora Mara Netto foi uma das grandes responsáveis por sua escolha profissional. "A Mara foi minha professora no 2º grau e durante um tempo manteve uma escolinha de arte, da qual eu participei. A possibilidade de descobrir coisas e a liberdade de usar materiais e técnicas diferentes de expressão me deixou encantada. Foi pelas palavras e interpretações dela que comecei a perceber o quanto tudo aquilo era grande, importante e capaz de tocar as pessoas de uma maneira única", ressaltou. De fato, hoje Anelise é a prova viva de que a arte encanta e emociona e de que o sonho, quando verdadeiramente acalentado, se transforma em realidade.



Colares também já foram usados por personagens da TV GloboAnelise trabalhando em seu ateliêVasos com desenhos do chamado \"universo das criaturas\"

ENTREVISTA PARA FOLHA DE CANDELÁRIA


Gostei tanto das perguntas formuladas pela Cláudia Priebe (Jornal Folha de Candelária) que resolvi publicar a entrevista na íntegra: 

GERAIS:


1) Nome completo, idade, formação (acadêmica, cursos, etc.) Trajetória: quando saiu de Candelária pela primeira vez? Me conta um pouquinho dos teus estudos, dos teus trabalhos até a abertura do ateliê.
Me chamo Anelise Bredow, tenho 32 anos e sou formada em Artes pela UFSM. (Desenho e Plástica é o nome do curso.)  Escolhi minha profissão muito cedo, entrei na faculdade com 17 anos e me formei com 21. Fiz uma especialização em Design (na UFSM) e através deste curso fui selecionada para trabalhar como designer de produto numa grande empresa em SC. (Eliane Revestimentos Cerâmicos) Trabalhar na indústria foi um aprendizado muito grande, tive oportunidades de viajar e conhecer mais sobre a parte comercial, mas não me realizava como ser humano, principalmente porque tive que deixar de lado boa parte das coisas que eu acreditava como profissional de criação, já que a realidade de uma indústria é bem mais comercial do que artística. 

Da formação em Artes em SM, a melhor lição que tenho foi a busca por uma linguagem artística pessoal, um meio de expressão, baseado em referenciais da minha vida, uma forma de expressar as minhas verdades. Como técnica, escolhi a cerâmica, uma das mais antigas formas de expressão do homem, que me conquistou justamente pela simplicidade e ao mesmo tempo pela força do material. 

Dos 5 anos de aprendizado na indústria, somados a minha vocação artística, nasceu o projeto de um ateliê, onde o meu trabalho em cerâmica fosse o meu produto, único, exclusivo, objeto de expressão para a minha linguagem artística. Para isso, me instalei em Morro Reuter, uma pequena cidade no caminho de quem sobe a serra gaúcha pela BR 116, (sentido Novo Hamburgo - Nova Petrópolis/Gramado). Aqui estou a pouco mais de 5 anos, produzo e comercializo minhas peças, num lugar com excelente qualidade de vida e com fluxo constante de turistas de todas as partes do país. 

2) Filiação?
Meus país moram em Candelária: Leomar e Marlete Bredow. 
Devo a eles o fato de terem acreditado no meu "sonho" tão diferente e nada convencional. Uma profissão fora dos padrões, pouco conhecida, mas onde eu via, desde o inicio, muitas possibilidades realização profissional fundamentadas em realização pessoal. 

3) Falou que a professora Mara Netto te “ajudou” a definir tua escolha profissional. Me explica isso. Foi durante as aulas?
A Mara foi minha professora no 2º grau no Medianeira, e durante um tempo ela manteve uma escolinha de arte à tarde, que eu também participei. Me encantou a disposição em descobrir coisas, a liberdade de usar materiais e técnicas diferentes para nos expressarmos. Foi com ela que vi minha primeira exposição de arte em Porto Alegre, e pelas palavras e interpretações dela que comecei a perceber o quanto tudo aquilo era grande, e importante, e capaz de tocar as pessoas de uma maneira única. 
Continuo acreditando que esta capacidade de se permitir olhar para o novo é fundamental para o ser humano. É isso que nos diferencia das máquinas, que alimenta nossa alma. 
"Olhar o mundo pelos olhos de uma criança", ou seja sem os enquadramentos e julgamento que a vida nos impõe, com verdade, com pureza, com leveza... é uma escolha pessoal.

4) Por que tu decidiu abrir o ateliê? A escolha por Morro Reuter foi a única ou tu já tinha pensado em se instalar em outra cidade? Desde quando está com ateliê aí?
  Decidi abrir o ateliê porque me sentia "sufocada" na industria e também porque queria voltar para o RS, pra mais perto da minha familia e amigos.  A escolha do local, foi determinada também por uma parceria com o Sebrae, que me ajudou a perceber quais seriam minhas necessidades, o público e como chegar nele. 
Logo entendi que precisava de uma região turística, onde o cliente "se renova todos os dias". A principio o foco estava em Gramado, mas logo os altos custos de instalação e permanência me fizeram de novo, "olhar diferente" e acabei escolhendo uma cidade próxima, onde as pessoas ainda não estão "contaminadas" pelo excesso de consumismo de ruas superlotadas. E logo percebi que fiz a escolha certa, pois aqui eu sou o diferencial, um ponto de parada, um lugarzinho para encontrar no caminho. 
Tenho também uma clientela fixa de Porto Alegre e região, que vem pra cidade atraída pelos restaurantes e passeios, e que me desafia a renovar meu trabalho constantemente, a ter novidades, a surpreender para que continuem voltando sempre. 

5) Teus trabalhos já foram expostos na Globo. Quando e como foi que começou isso? Quais cenários (de quais novelas) teus trabalhos já decoraram? Neste caso tu empresta, vende ou eles creditam o merchandising dos produtos pra ti? Ahhh, favor citar o nome das peças...
Isso foi muito legal, o melhor presente, ou o "sinal" que eu precisava, pra dizer que "estou no caminho certo"!
Na verdade eu tive um pouco de sorte, porque uma cenógrafa da Globo achou o meu trabalho pelo Google na internet. Ela digitou alguma palavra que remeteu as imagens do meu site, que mantenho sempre muito bem atualizado. Depois ela me ligou e comprou peças, que foram usadas em 2008 numa minissérie "Tudo Novo de Novo"(Peças: "OVOS"). No início do ano passado retomou o contato e comprou mais peças, que foram usadas na novela das 9, "Passione" (Peças: TOY ART - "CRIATURAS") e pra minha surpresa e alegria, reaproveitou as peças da minisserie na novela das 7, "Tititi". Meu trabalho estava no ar nos dois melhores horários da emissora, não é pra ficar orgulhosa? rss
O retorno de merchandising direto da novela eu não tenho, porque eles não divulgam os créditos da maioria dos objetos de decoração, mas eu vejo isso como uma "sementinha", jogada em sólo muito fértil. O retorno melhor que tive, foi aqui na região, com reportagens em Jornais e TV, que fortalecem o meu nome artístico e apresentam o trabalho pra muitos novos clientes e apreciadores de arte. 

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SOBRE TEUS DESENHOS

1) Tu trabalha com “coleções”? Como é o processo de criação? No que tu costuma te inspirar?
Eu, particularmente, não chamo de "coleções". Prefiro pensar que o trabalho vai amadurecendo naturalmente e ganhando novas formas conforme sua necessidade. Meu processo artístico sempre esteve focado na busca de uma linguagem artística própria, que mais do que "inspiração", fosse o reflexo do que eu penso, do que eu sinto, da minha forma de ver o mundo... materializado em desenhos, formas, cores. 

Por isso criei este "universo de criaturas", que tem como referencial as peças das TVs que meu pai arrumava quando eu era criança (válvulas e transistores que sempre me pareceram criaturinhas que brincavam de formar imagens na tv) e também os elementos circulares da natureza, olhos, células, pingos d'águas...  Estas formas, as vezes são expressas em potes de cerâmica, noutras em painéis compostos de pequenas placas de cerâmica inseridas em suportes de madeira de demolição, em desenhos, em peças decorativas...

Outra linguagem que eu gosto muito, está baseado nas formas em espiral, que tem pra mim o sentido do movimento do universo, que refletem um pouco da minha forma de pensar a vida, com sutileza e poesia...

2) O material com que tu trabalha. Vai de argila a .....? E as cores. São variadas? Depende do trabalho? O que tu prefere?
Eu trabalho basicamente com argilas. As peças são moldadas com uma argila base, e as cores são na verdade, argilas coloridas (naturais ou pigmentadas) que eu uso pra pintar. Esta técnica chama-se "engobe" e é uma das mais  simples e primitivas que conhecemos, mas meu desafio foi exatamente tirar partido desta simplicidade, trazendo para uma linguagem atual de aplicação. 
Algumas vezes utilizo também a madeira de demolição como suporte para elaborar peças grandes, como os painéis. E aos poucos estou retomando também outras linguagens, como desenhos e gravuras. 

3) Tu acredita que a instalação do teu ateliê tenha favorecido o turismo em Morro Reuter?
Acredito que a cidade tem um potencial turístico ainda adormecido, mas com a chegada dos artistas (hoje somos em 5 ateliês aqui) e principalmente com a formação de um grupo pró turismo (composto por donos de restaurante, comerciantes e os artistas)
as coisas começaram a acontecer. Estamos aos poucos nos organizando, identificando possibilidades e reforçando nossos pontos fortes. Em poucos anos o volume de turistas mais do que dobrou, os restaurantes estão lotados em todos os finais de semana, e os ateliês cada vez recebem mais visitantes, e o nome da cidade voltou a ser lembrado. 
Minha contribuição é a manutenção voluntária do blog do turismo:www.turismoemmorroreuter.com.br e a criação do mapa turístico. Faço porque acredito no potencial da cidade e sonho com o fortalecimento do Caminho das Artes, atraindo pra cá outros artistas, porque sei que seremos mais fortes se crescermos juntos. 

4) Costuma expor em outros Estados, no RS...?
Eu já participei de feiras em São Paulo (Paralela Gift) e em Minas Gerais (Feira Nacional de Artesanato), vendi para lojas de vários estados do Brasil e também para fora (USA, Portugal e Israel), mas hoje estou mudando um pouco meu foco. Percebi que é impossível manter um trabalho artístico produzido em grande escala, e estou direcionando minha produção para locais que agreguem valor, como museus e galerias. Hoje meu trabalho é comercializado em Porto Alegre na loja da Fundação Iberê e  na ArteLoja da Casa de Cultura Mário Quintana, em uma loja em Gramado, aqui no Ateliê e em vendas diretas pela internet. 

5) Pra adquirir teus produtos, o cliente pode acessar pelo site ou é só no ateliê?
Eu faço vendas pela internet, mas são vendas bem personalizadas, não como uma loja virtual. As peças são únicas (este é o diferencial) e precisam ser tratadas de uma forma diferente. Mas a internet é uma porta aberta para o mundo, ela chega onde a gente nem pode imaginar. 

6) Aceita encomendas de algum item em específico?
Eu aceito encomendas, dentro da minha linguagem e com prazo de entrega razoável, pois é um processo artesanal, que precisa ser respeitado. 

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SOBRE TUA ROTINA

1) Vem seguido a Candelária? Com que frequência?
Candelária é minha cidade do coração, e minha casa pra onde sempre tenho vontade de voltar. Não consigo ir com muita frequência, mas fico feliz cada vez que eu volto e vejo a cidade crescendo, bonita, decorada para o Natal com tanto carinho como vi agora. 


2) O mercado que tu atua como está?
Não posso falar do meu mercado sem falar do ser humano, porque acho que o tipo de trabalho que eu faço esta diretamente ligado com uma necessidade que aumenta constantemente nas pessoas, (principalmente em quem vive numa cidade grande) de se sentir importante, de se sentir gente de novo no meio deste mundo frio e consumista que esta ao seu redor. As pessoas vem a Morro Reuter pra comer comida caseira servida no fogão a lenha aos domingos, pra pisar na grama, ver os bugios soltos nas árvores, vivenciar um pouco da história perdida dos seus pais e avôs e tentar preservar nos filhos um pouquinho que seja deste espírito, natural, verdadeiro, simples. 

E penso que meu trabalho se enquadra desta maneira, as pessoas compram minha peças, comprando também um pouco do meu sonho, de viver do que eu acredito, de maneira justa e honesta, num lugar com qualidade de vida, lidando com pessoas de uma forma verdadeira e humana. E me sinto feliz de pensar que meu trabalho faz parte da sua vida, da sua rotina, que muitas vezes é colocado em destaque na sua casa, como sinal de que elas compartilham comigo o sonho de um mundo melhor.

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